segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Simulação (por onde a fome passa e esquece)








Olho para fora e vejo muitas horas dedicadas ao pensamento, a um pensar inútil, fraco, inexistente. Coisa falsa... coisa repugnante.

"O que é falso é horrível." bom ponto de partida.
"Temos de interpretar as coisas, pensar como e o que é significam."
Um certo homem que sempre pensou enganar toda a gente questionou tudo isto, por nunca aceitar o que lhe empurravam para o pensamento julgou nunca conseguir ser igual, ainda bem que não se enganou. Admiro-o bastante, e tal como ele espero nunca vir a ser aquilo que os outros pensam que sou ou serei. Não esperando admiração, mas sim liberdade, liberdade de conseguir pensar naquilo que quiser, porque isso não é uma questão de querer... Resta-me agradecer-lhe desde já, pelo pouco muito (espero eu) que me ofereceu.

A Verdade... consigo procura-la, mas nunca pareço querer encontra-la, encontro sempre algo que destrói a minha ideia actual... não sei se a culpa é minha.
A verdade artística não é a interpretação do passado, nem a representação pitoresca do mesmo, será então a criação? mas o que não é o acto de criar se não uma interpretação... Se calhar as coisas verdadeiras são as menos desejáveis... a Terra (até prova em contrário), o Universo, a vida... e deus? Não! nem deus terá sido um verdadeiro criador, se não um mero plagiador, o que é ainda mais horrível.

"O mundo está cheio de sinais e informações que representam coisas que ninguém percebe inteiramente, porque também essas, por outro lado, se revelam afinal como sinais para outras coisas. O que é verdadeiro continua escondido. Ninguém jamais o verá."

Zumthor não desiste da ideia que existem ainda coisas verdadeiras, a água, a luz do Sol, a música e até os próprios instrumentos musicais. Acho que está correcto, a música é verdadeira! O som, essa maravilhosa vibração que tudo une à sua volta.
Talvez seja isso... talvez exista solução para uma arquitectura verdadeira, essa verdade não passa pela imagem, pela inspiração ou pelo pensamento da luz (que tudo o que traz é falso e ridículo) mas sim pelo som, e pela sua capacidade de transformar as partes num todo, de unificar como linguagem universal que é.

Que delicado é tudo isto, e que lindo é o cinema, a pintura, o desenho e até a fotografia... 
que lindo e falso... que falso e lindo.

E até tudo o que se encontra neste negro fundo, que não passam de pinturas escritas, é falso... não existe...

quem me dera não ver...



até amanhã.

1 comentário:

  1. "nada existe que seja o nirvana;
    apenas existe a palavra nirvana."
    Hermann Hess em Siddhartha

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