Ele caminha na floresta, caminho já feito toda a vida e de este momento em diante. Sempre igual caminho, surpreendo-o com uma luz no meio da noite, no meio das árvores que escorrem pequenas e finas gotas da mais pura água que banha toda a área possível. Ainda que pura, finas e pequenas suas gotas, ela é negra, ou melhor, deixa a floresta negra.
E ainda outra vez, surpreende-se o homem com pássaros que o sobrevoam no alto, bem alto, bem longe. Mas prossegue.Triste, uma tristeza forte, prova da não ausência de sentimentos que transtorna todo o existente.E os pássaros continuam, e as luzes também... e a chuva.
PÁRA, a chuva, as luzes, os pássaros... continuam presentes. Essas confusões, que por mais que as tentemos mudar, por mais que tentemos parar... continuam. E ele lembra-se disso, lembra-se e permanece, parado, escultural, formal. Durante todo um ano, ele ficou ali... ao que certos, os pássaros saíram, e as luzes pararam, e com eles a escuridão se aclarou até ficar de dia. Nesse momento, ele que nunca tinha conhecido nada se deparou com um bonito dia de grandiosa luz e maior harmonia. Nesse momento ele não sentiu nada. Nesse momento e para sempre ele não sentiu nada.
A tristeza abandonou-o, deixando para trás a ausência, o corpo, a silhueta... a chuva.
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