terça-feira, 29 de maio de 2012

afasto-me de mim








Não é justo
quando a alma se mata
e sempre morre,
e sempre morre.


Não é grande
coisa que retrata
e sempre foge,
e sempre foge.


Todo eu caio atrás de mim,
sem sequer olhar para o lado,
tentando ver o que não vejo,
num filme desencaixado. 






au revoir.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

there's someone in my head... but it's not me.




If you consume me, I will not let you go
If you walk right through me,
my voice will taint your throat
blessed be the wrong I've done.









E assim se começa
outro passo
uma visão
um outro lasso.

Escorres pelos dedos
pingas para o chão
e tudo o que
sentes pelo não.

Não sei queres
voltar atrás
dar tudo pelo nada
sentir que fois além.

Se, não, és,
da ilusão
mais vale
ficares na prisão.

Agora
deixa-me por aqui
são sonhos
que ainda não vivi.




segunda-feira, 7 de maio de 2012

desenho para quê?






Sans toi, les émotions d'aujourd'hui ne seraient que la peau morte de émotions d'áutrefois.



nunca gostei de francês...

mas não me pude deixar de render à tamanha beleza que tal película emprega. essa beleza pura e fina, de que procuro em qualquer pedaço de filme ou de rolo que se atravesse na minha visão, quer periférica, quer central e desmanchada.
mas que mente se chega ao pé de mim, fotografando o que deseja, o que vê, o que quer ver... o que gostava que se visse. E mesmo assim consegue, depois daquele belo ruído de água que escorre por uma alta parede abaixo, perceber o que acontece

escrevo para ti, essa pessoa... que não foge para além da minha, para além de mim. esperas e eu também, pelo momento em que não no riremos de nós próprios, nesse momento voaremos como Amelie, bem alto e frio, só o suficiente para cortar a respiração, e devolve-la com uma rosa fechada e viva, relembrando o início...

... em que nos encontrámos, fotografando o futuro de alto a baixo, nunca conseguindo apanha-lo todo. Que banda sonora nos envolve? que gestos tocam? que olhares se trocam? que respirações se apagam? que luzes se fecham rectangularmente?

Não quero saber... não quero saber nada... independentemente de tudo, a minha visão mudou... para te ver... melhor.

...nem gosto.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

foste má...

     Era uma manhã fria e escura de abril, estava-mos em 1979 e a sombra caía sobre todo o ser passante, ousador que saía das habitações velhas e curvadas sobre si mesmas.
Nesta terra nada é branco ou brilhante, a humidade já se desviou de ser humana passando a ocupar o lugar da eterna existência. O Sol nem medo já tem, nem se quer se lembra de tal existência para sempre coberta pelas densas e arruinadas nuvens de negra cor e negra alma.
Por este ambiente baço e pesado brilham os olhos de quem os abre, de quem os chora somente, de quem os liberta da prisão que é a chuva, ou melhor as saudades da mesma. Por aqui a chuva não se honra a aparecer. 

Seria somente nos olhos chorosos e vermelhos daquela criança de que todos esperamos, essa que ainda não sabe que existe mais nada para além da terra. Ela que jurá-ra nunca deixar a sua família, será incontrolável! será feroz! será má! e será linda pois o sempre foi e nada lho tirará, nada nem como palavras que ecoam por entre becos brancos de neve, não sabe ser de outra forma, protege-se do interminável inverno que não conhece, do inconcebível sol que nunca há de ver... só mesmo, e nunca há de depender dela... tocar.





assim de uma vez só. para contar uma história que nem nunca fez parte do princípio. para tentar encontrar o fim, sem início... nem fim.