domingo, 15 de abril de 2012

a criação



Uma montanha se arrasta, desliza quase que suavemente para entre a distância que as afasta. Nunca as vi, nunca as vi como agora, azuladas e brilhantes, efémeras e justas, simplesmente simples. A imagem que conduz o texto e não o reverso, ou o melhor de todos, o reverso e o inverso, ao mesmo tempo. De que nunca, no tempo de todos, sozinhas as palavras se entenderam, e se reviram com sentido simples. Não posso olhar para trás, não posso ver o passado deste apontamento, não posso apontar o passado nem apontar no passado. No futuro que na verdade é passado não é possível ser-se recto, mas sim circular.

Esta ideia intrigou-me bastante, levou-me a pensar se era verdade, mas não a consegui perceber simplesmente.

Percebi-a complexamente, de todos os pontos infinitos que tem, de todas as influências rectilíneas que possui e percebe e recusa e usa. 

Essa complexidade inerte a tudo o que vê-mos, que nem sempre, nunca mesmo, compreendemos. Nunca a iremos conseguir compreender pelo simples facto de que não a fomos nós a criar, só quem viu a Génesis nascer é que percebe o produto final. E ainda bem... há que guardar alguma coisa para o criador, ou melhor, o criador tem de guardar qualquer coisa para si, talvez seja por isso que vamos todos para o inferno.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

outro fim que começa



A desesperada não tem
nada a esconder,
não tem boca
para se esquecer.

Do nada que,
vem por essa porta dentro
não vai trocar
a vida pelo vento.

Sabe ela bem
que leda vive só
e não vem ninguém
que venha ter dó.

Não vem ninguém
que venha estar só...